domingo, 13 de maio de 2012

Pessoa, mulher, mãe...




Hoje, segundo uma data que alguém inventou, é dia das mães.

Não compartilho muito dessas imposições sociais. Realmente, não acredito que seja preciso um dia para lembrarmos das pessoas que realmente amamos e que nos são importantes. É claro que entro na onda, mando mensagens às minhas amigas mães e não encho o saco de ninguém sobre a comercialização dessas datas, cada um acredita e pratica o que julga bom para si e os demais, assim como eu…

Mas hoje estou longe de meus filhos, sei que isso para eles não é um peso, para mim também não, estou aqui em Porto Alegre porque vim fazer um concurso para buscar uma colocação melhor na minha área de atuação e, enfim, lutar pela manutenção da existência.

Estou aqui sem nenhum peso a mais ou a menos, estou aqui porque preciso estar e se não precisasse estaria lá com eles. Os guris me mandaram mensagens pelo celular ontem à noite, eu já estava tentando dormir, e recebia a cada 20 min uma mensagem me desejando felicidade pelo dia das mães e boa sorte na prova.

Meus filhos, minha família, sempre foram a parte mais importante e fundamental da minha existência, houve um tempo em que parecia que isso era a única coisa que eu seria capaz de construir, hoje tenho certeza de que foi o que fiz e faço melhor!

Meus filhos nunca experimentaram antibióticos!!!

Sou uma mãe exemplar que passa as noites acordada dando gotas de homeopatia para uma febre ou tosse, que ajuda nos temas, que procura materiais para os trabalhos da escola, que vai às reuniões e às festinhas da escola, que faz bolo. Sempre fui presente, embora não onipresente. Sempre os incentivei a enfrentarem os medos e desafios, são meninos corajosos, que sabem que podem contar comigo, mas que fazem muitas coisas sem mim e acho isso fantástico!!! Sou importante, não imprescindível e gosto disso!!!

Detalhe importante: eles têm um pãe, ou seja, um pai que é uma mãe!!!

Hoje eu estava cá pensando sobre isso, na verdade sobre o papel de mãe… bom e daí é inevitável que a gente acabe recordando o modelo que se conhece…

Minha mãe: é a típica mulher da geração dela, década de 70. Uma mulher que se dedicou a estudar e trabalhar. Era professora de português, dava aulas de manhã, de tarde e de noite. Depois fez vestibular para Direito. Formou-se em 1981 eu tinha 11 anos, minha irmã 5. Parou de dar aulas porque passou em um concurso para o INSS. Estudava pela manhã e trabalhava à tarde. Eu a via muito pouco, morávamos em Butiá ela estudava em PoA, saía de casa 5:30 hs voltava 12:30 hs direto para o trabalho no INSS, enfim…

Essa era minha mãe, na minha infância não lembro muito da presença dela porque trabalhava 3 turnos, na fase da pré-adolescência ela estava sempre estudando (é a lembrança que tenho dela, inclusive nos fins-de-semana). Meu pai faleceu eu tinha 13 anos…

Era nisso que eu pensava hoje depois que saí do concurso que estava fazendo…

De certa maneira, meus filhos também não devem ter outra lembrança de mim, que não seja estudando, escrevendo um livro, uma tese… preparando aulas, estudando para concursos, enfim…

Acho que no fundo é nisso que penso quando falo em transmitir aos filhos o que acreditamos através de nosso exemplo. Continuo acreditando e talvez o que persista em mim seja a ideia de que “o verdadeiro bem” ainda é ser verdadeira comigo mesma, acreditar no que sinto, ou melhor, que o que sinto não é mero egoísmo individualista, ou puro hedonismo, mas ao contrário, é que essa crença no meu discernimento, na minha capacidade de julgamento é sim “a escolha dos justo meios” para alcançar o bom e o justo comigo e com os que estão a minha volta…

Não posso garantir a felicidade dos meus filhos (nem a minha!!!), posso apenas desejá-la para eles, o que posso fazer é ensiná-los a não desistir de serem felizes, a serem corajosos para consegui-la, serem responsáveis e não apenas resignados por conformismo.

Essa deve ser a regra e a medida pela qual devo guiar meus sentimentos, minha razão e meu exemplo de pessoa, mulher e mãe.

….

Depois da prova vim até em casa, comi alguma coisa, fiz um chimarrão e fui passear na Redenção. Essa é uma das coisas que mais prazer me dá fazer em Porto Alegre, passear na Redenção no domingo!!!




Hoje o dia estava especialmente bonito, ventinho fresco, dia para blusa leve, lenço protegendo a garganta e jaqueta. Havia sol e uma luminosidade perfeita. O dia não podia estar mais bonito e o passeio à Redenção num domingo de dia das mães estava ótimo, porque o brique estava menos cheio do que de costume, o que favorece o apreciar os expositores de antiguidades e os artesãos.

Lá fui eu, meu chimarrão na mateira e máquina fotográfica na mão. Me sentia como se estendesse minha alma para arejar ao sol…


Estava me sentindo feliz! Feliz por estar num lugar que gosto, sem maiores preocupações, sabendo que meus filhos estavam bem, que eu estava cumprindo meus compromissos comigo mesma, que o dia estava lindo e como é bom estar viva assim!!!
Para celebrar e honrar o dia, calibrei o meu olhar sobre o parque, o brique, o tempo. Tentei observar um lugar que conheço, como a palma da mão, como se fosse um viajante, um visitante, um estrangeiro. Primeiro, fiz a caminhada da João Pessoa para a Osvaldo Aranha, ou seja, das antiguidades ao artesanato, apenas olhando, perscrutando a feira e seus admiradores…


Alguém, já me perguntou: o parque é tão bonito sempre, porque os porto-alegrenses só vão aos domingos, no sábado a Redenção fica vazia?! Costume, respondi. E é, nós sabemos, a Redenção aos domingos é mágica! É o espírito da feira. No sábado não há feira!


Fiz o primeiro percurso, apenas olhando, perguntei o preço de várias coisas, e ainda bem que não podia comprar nada, porque há tantos apelos ao consumo arteiro!


Depois, voltei, armada de máquina fotográfica, fui pedindo licença aos expositores para fotografar algumas peças específicas, todos muito cortezes e amáveis acederam aos meus pedidos sem nenhuma objeção.


Fotografei uma fada feita de arame por um jovem artesão muito amável.



Depois vi flores de cerâmica com hastes de metal, brotando do chão de pedras, um conjunto,simplesmente lindo!



Vi sóis sempre a nascer, pendurados num painel com outros quadros.



Duas bailarinas de sucata, de um artista que ficou muito feliz por que eu as escolhi para fotografar.



Uma artesã que faz incensários com mandalas, explicou-me todos os significados das cores, um trabalho lindo e delicado!


Borboletas e fadinhas penduradas em cordinhas me lembravam das mulheres com asas que gosto tanto…



e, por fim, máscaras de um enigmático casal dourado…


Da feira rumei para o parque, aproveitei o sol e registrei meu próprio perfil desenhado no chão…,

algumas fotos da paisagem em torno, a cúpula do Colégio Militar,

o Monumento do Soldado Expedicionário…, depois fui em busca daquilo que não consegui ontem, captar a estação… suas cores, seu brilho… consegui tudo!!!


E mais, registrei os recantos oriental e grego,





os pontos cardeais, o espelho d’água,


muitas árvores e, principalmente, o sol de outono no parque…,



fotografei as minhas árvores preferidas o plátano




e o eucalipto, (aliás, o cheiro me lembrou o parque do Campo Grande em Lisboa que tinha um maravilhoso cheiro de eucalipto!!!)….



até uma foto minha tirei, como se fosse uma turista sozinha a passear num parque de um lugar desconhecido…


E esse foi o meu dia das mães!!!

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