domingo, 18 de agosto de 2013

Um discurso pelo avesso




O Rio Grande do Sul não consegue passar o período comemorativo à Semana Farroupilha sem arroubos, sempre há algum fato a ser criado e alguma contenda a ser resolvida.
Neste ano, por enquanto, a que emergiu foi em torno de uma declaração do Diretor técnico do IGTF sobre as precárias condições de segurança do acampamento farroupilha, no que se refere aos poucos hidrantes e a inacessibilidade em caso de sinistro.
Não fosse a palavra utilizada pelo Diretor da instituição, ele seria, em qualquer lugar do mundo, considerado um gestor público responsável por ocupar-se das questões relativas à segurança do evento e das pessoas que dele participam.
Entretanto, estamos no Rio Grande do Sul, e aqui existem dogmas, existem interdições ao discurso no que se refere ao que os “zelosos cuidadores” da história regional denominam de “tradição”.
Pois bem, no entender daqueles que se arrogam no direito de decidir sobre o que é verdade ou mentira sobre os usos e costumes da cultura sul-rio-grandense, a palavra “favela” ou, como disse o Diretor do IGTF, “favelão gaudério”, não pode sob hipótese alguma ser utilizada para referir-se ao espaço ocupado pelas “boas” pessoas que cultivam a “tradição” regional.
Muito bem, a palavra “favela”, segundo o dicionário Aurélio, significa: “Conjunto de habitações populares, em geral toscamente construídas e usualmente deficientes de recursos higiênicos”.
Muito bem, eu gostaria de saber no que tal expressão fere a “liturgia da tradição” campeira?!
Se, originalmente, a expressão designativa de “Gaúcho” era: “s. m. índio do campo sem domicílio certo. Cavalo gaúcho é quase o mesmo que cavalo teatino, que não é permanente em parte alguma.” Tal definição foi estabelecida por Antonio Álvares Pereira Coruja na Coleção de Vocábulos e Frases usados na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul” e publicada em 1852 na Revista do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro.
Quem cultiva tanto uma “tradição” genuína não deveria ofender-se com a designação “favela”, já que o indivíduo que ela visa enaltecer tem sua história social ligada a impermanência, ao nomadismo, a precariedade da existência como norma de vida, indivíduo sem posses, vago, vagabundo e ambulante.
De todo modo, o que me incomoda mais é o desvio de atenção de uma questão que é administrativa e sob a responsabilidade do poder público, ser transformada no linchamento de um gestor responsável e íntegro em suas ações culturais e na defesa ampla das manifestações da cultura regional.
Me incomoda o fato de que pretensos “cuidadores e proprietários” de uma única versão da história regional tenham tanto poder de afastar da organização do evento comemorativo às lutas políticas dos farroupilhas, um representante da instituição que afinal, é o reduto mesmo dessa apropriação, desse encampamento da história regional.
O MTG além de proprietário de uma única versão e tem o poder de decidir qual a visão o poder público deve ter de seus procedimentos.
E muitos ainda não sabem por que nos encontramos em um período de grave representação política.
 

sábado, 3 de agosto de 2013

Tudo agora























Queria tudo nesse instante
O simples e o importante
Que me deixasses ofegante
O elogio galante
O melhor do amor amante
Eu queria tudo nesse dia
A tua boa companhia
A tua risada sadia
Ser tua única via
Ser a tímida e a vadia
Aquela que vale cada minuto
Que transforma um dia fajuto
Num prazer absoluto
Que te faz sentir astuto 
Mais enxuto e resoluto