quarta-feira, 9 de maio de 2012

Não fui programada para desistir





Me perdoe, não sei ser pela metade...!!!
Se sofro, sofro inteira. Se amo, amo completamente...!!!

Minha existência emocional vive de superlativos, como Clarice, “não caibo nos estreitos”.

Mimo demais quem está comigo, estrago com tantos elogios, deixo-o completamente vaidoso!!!

Desculpe não sei fazer diferente!

Sempre pago pra ver.
Aposto em mim, na minha resistência e paciência, nas minhas qualidades intrínsecas e extrínsecas...

Aposto em nós e na conspiração do cosmos, do desejo ou da providência (seja ela qual for...).
Sei que posso perder... ok! É o preço de quem se habilita a pagar para ver.
Mas se não inventei essa esperança, e se não a vivo sozinha, cabe apenas esperar e perseverar enquanto isso permanecer bom...

Sobretudo, sei que na vida tudo tem seu tempo, há coisas que jamais terão o tempo certo para serem... e tudo que pode ser, pode não ser... não acontecer... não deixar de ser potência, ou ser efêmero... passageiro...

Ainda assim mantenho a aposta! Porque aposto na vida e na sua imprevisibilidade.

Fernando Pessoa escreveu: "navegar é preciso, viver não é preciso"... nunca temos certeza de nada... tudo é muito impreciso nessa curta trajetória humana.

E por ter plena consciência da efemeridade da nossa vida é que me nego a desfrutar pela metade, principalmente, dos sentimentos. Me nego a perder tempo com bobagens e não aproveitar a beleza dos momentos e dos afetos cultivados... perder tempo com o que não se sabe e não perceber o quanto se pode aprender e descobrir, apenas prestando atenção... ou desistir sem tentar lutar uma boa luta...

Não fui programada para desistir antes de tentar!

A busca da minha serenidade depende de que eu acredite que fiz todo o meu melhor e o meu possível para não desperdiçar a minha existência, que a julgo mesmo um dom. Não sou de desperdiçar minha atenção com gente que não merece a minha dedicação. Porque quando me dedico a algo ou alguém me dedico pra valer...

Sou toda prosa sobre mim, tenho problemas no exercício íntimo da modéstia, no entanto, sei perfeitamente que tenho inúmeros defeitos. Todos absolutamente normais, humanos, saudáveis...

Ah, sim, ter defeitos e reconhecê-los é muito saudável...

Um dos que posso apontar, reconhecer e assumir nesse momento é a temeridade, ou a ausência de medo, especificamente, com relação a envolvimento emocional…

Sou absolutamente passional, dionisíaca até, ainda sou surpreendida pela intensidade dos meus sentimentos e me entrego a eles de corpo e alma, a ataraxia não é meu forte…

E quando me acontece, quando a paixão me acontece e me invade de chofre… Mergulho de cabeça sem para-quedas, sem qualquer proteção em direção apenas do que o meu coração e a minha alma pedem... Cedo a mim mesma...

Me entrego a mim, ao meu sentimento sem constrangimentos, e não costumo me arrepender disso. Sou o mais verdadeira e humana possível comigo mesma. Permito-me. Desfruto o prazer e assumo o equívoco (se ele acontecer)!

Sou eternamente responsável por mim mesma e por minhas escolhas.

Nessa altura da vida sabemos que tanto faz saber se existe rede de proteção ou não, os ferimentos são mesmo inevitáveis, mas o prazer do vôo é indescritível...

Já me senti encantada, enlevada, arrebatada, apaixonada e, ao final, enamorada...

Lamento se carrego comigo "Essa irredutível recusa à poesia não vivida"... ou a real crença de que... “não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”, sou absolutamente, como Vinícius, completamente dionisíaca quanto a experiência de amar...

Entretanto posso, perfeitamente, é claro, concordar que esse é um sentimento que surge de um cultivo longo e contínuo, de uma busca pelo conhecimento profundo da alma do outro... compreendo isso tudo... e acredito nisso também... é que antes disso existe a empatia, a simpatia e o pathos muitas vezes é afetado antes do profundo conhecimento.

Além disso eu acredito que pessoas se amam apesar de... e não por causa de... sou deveras racional para não perceber o quanto afinidades podem ser encontradas durante um período mais prolongado de convivência. E não existe nada mais saboroso do que descobrir o que amamos, no outro que buscamos amar, independentemente de saber previamente disso...

Gosto de mato, de cheiro de grama e de terra molhada, de música, de leitura, de banho de rio, de cavalos, cachorros, crianças, poesia, violão, chimarrão, acampamento, discussões filosóficas, bons filmes, cinema, boa comida, cozinhar, vinhos, cerveja, amenidades, novela, seriados, notícias, assuntos sérios, política, de escrever, de preparar aula, de dar aula, de fazer amor com paixão, de simplesmente deitar na rede e olhar as estrelas no verão, de ouvir os grilos à noite, e os passarinhos numa manhã ensolarada de domingo, gosto de ouvir a chuva ao dormir, gosto de fazer amor de madrugada e pela manhã, gosto do inverno e da primavera, gosto do cheiro de pão quentinho e de bolo de milho... gosto do ócio, gosto de viver e deixar viver, não gosto de controle, nem de ordens sumárias, não gosto de missa, mas gosto de alguns padres. Não gosto do Faustão e não vejo nem que a vaca-tussa. Gosto de futebol, não gosto de pornografia, gosto de filmes eróticos, gosto de passear no shopping, gosto de tomar café em confeitaria, gosto de preparar minha comida, gosto de flores e de plantas, amo meus filhos, meus amigos e amigas, meus livros, discos e cachorros... e adoro acordar tarde no fim-de-semana...

acho que era isso por enquanto...


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