segunda-feira, 30 de março de 2015

O último mergulho


 
Fazia muito tempo, muito tempo mesmo, uns 15 anos ou mais talvez, que eu não entrava no mar.

Não sou muito afeita a água salgada, nem a violência das ondas, tampouco ao burburinho das pessoas que disputam um lugar no mar.

No último verão passei dois dias na praia e, pela primeira vez, tive vontade não apenas de entrar no mar, mas de mergulhar na água salgada.

Acompanhada de um entusiasmo juvenil e uma alegria ancestral fui ao encontro das pesadas ondas do litoral sul-rio-grandense.

Foi um momento inesquecível, um daqueles raros momentos da vida em que sentimos o presente da vida, eu me senti muito feliz!

Mas minha felicidade não era por causa do mar ou das ondas, minha felicidade era resultado da decisão de entrar no mar porque eu desejei isso.

A minha felicidade foi pela escolha realizada, foi pela consciência da opção em fazer aquilo.

Meu último banho de mar foi um renascimento, um batismo numa experiência banal, um recomeço, uma aposta na esperança de mudar, de pensar diferente.

Meu último banho de mar foi, como escreveu o poetinha, a minha “irredutível recusa à poesia não vivida”.


domingo, 15 de junho de 2014





Je n'ai pas le temps de vous perdre...

Por quê?!




Por quê?

Tu vinhas
Chegavas
De onde?
Não sei!

embora
Seco
Breve e
Sóbrio

Tuas mãos me sorriram
Tua boca me escolheu
Teu corpo me recebeu
Tuas razões me convenceram

Por quê?

se a alegria,
a leveza e
a serenidade

partiram contigo
naquela manhã nublada

(14/06/2014)


Te fiz um poema
No trânsito
Na pressa 
No fim do dia
Te fiz o poema
que saía...

Ele dizia de idas
Eu pensava em vindas
Nas nossas vidas
Nas tuas chegadas
fiz um poema
de despedidas...

Te fiz um poema
Num final de tarde
Início de noite
No meio do caminho
Te fiz um poema
com carinho...

Te fiz um poema
Molhado
Num dia de chuva
Queria que fosse
Ensolarado
Foi só um poema
mofado...

Te fiz um poema
Suburbano
Dentro do ônibus
Um poema proletário
só um poema
otário...
(14/06/2014)


le temps d'aimer: Je t'aime




(nunca) te vi 

(sempre) te amei...

(01/06/2014)




para que nome? era bom e beijava... 
(parafraseando Quintana)
(01/06/2014)


invenção



há muito tempo já não desenho mais, minhas composições hoje resumem-se a brincar com as palavras, as ilustrações recolho-as das imagens que vou encontrando na web, este espaço ilimitado e repleto de opções, mas meu mundo interior continua sendo, como me disseram outro dia, romântico, e, talvez, este seja um dos meus grandes defeitos, não vejo o mundo e as coisas como são, vejo-os como minha alma os descreve para mim...

tu és a arte que eu invento
és a melhor parte do meu dia
minha poíesis de contentamento
já que a boa ação é seu próprio fim
és a perfeita idéia de algo
idéia boa, belo ideal, de algo inventado...

existem amores inventados.


As pessoas são concretas, reais, mas os amores que sentimos, as projeções que fazemos, as esperanças que depositamos, são profundamente inventadas. não num sentido de falsidade ou mentira é apenas a nossa imaginação que vai muito mais longe do que suporta a realidade. é como olhar-se no espelho e vermo-nos sempre jovens. é a ideia que temos de nós que não muda apesar da passagem do tempo.

Ou seja, vemos e sentimos o que queremos ver e sentir. só mais tarde é que nos deparamos com aspectos que divergem do que idealizamos. mas isso não é nocivo em si. quem já se apaixonou sabe o quanto é bom inventar o outro. imaginá-lo. enxergar apenas o que selecionamos de melhor.

A paixão é o nosso melhor olhar sobre o outro...
 (27/05/2014)


le temps d'aimer: Je t'aime





Já!
Agora!
Imediatamente!

Ihhh!
Meu coração
enguiçou!!!!

perdeu a noção
agora quer ser
meu cérebro, sem razão.

(21/05/2014)

Carpe diem





Joguei palavras ao vento
Elas voaram pela janela
Imaginei tempos melhores
Aconteceram coisas boas
Me dediquei a pensar em ti
E te encontrei em algum lugar...
Agora o que sobrou
Foi a boa sensação
Do calor do abraço
Do sabor do amasso
Da fusão no espaço
Do ofegante cansaço
Do perfume da madrugada
Do roque e da pegada
Do beijo e da cantada
De cara e alma lavada
No lilás lavanda do quarto...

(18/05/2014)

silêncio baldio




... foi embora.
ficou um silêncio baldio
na minha alma...

03/04/2014





Eu estava com todas as portas do sensível escancaradas... 
período em que visitava os escombros da memória, vivia a ruptura de um ciclo...."
(Andrea Rosas)

21/04/2014




"É possível voltar. Isso é notório e sabido.
Mas entenda que o tempo sempre torna
o ponto de partida um lugar desconhecido."
(Alexandre Gois)

07/05/2014

le temps d'aimer: Je t'aime


Cena 01 (23/03/2014): Longa jornada noite a dentro é uma peça de teatro de Eugene O'Neil que apresenta de maneira muito crua as decepções e desilusões vividas numa família, suas neuroses e conflitos. Me veio à lembrança porque as madrugadas são boas para longas conversas, elas nos permitem quase que ficar suspensos no tempo, porque a madrugada desacelera tudo que o dia torna mais rápido. Além disso, o outono, estação intimista, vinho e boa música favorecem esse tipo de experiência absolutamente imprescindível para a manutenção da boa sanidade do espírito e da mente. Enfim, eu gosto das madrugadas, das tertúlias e de exercer aquela que julgo ser a minha melhor faculdade humana: o diálogo.

Cena 02: Das (in) certezas: constatação domingueira 1: uma das coisas mais difíceis é aceitar que as pessoas, simplesmente, mudam de opinião. Temos muita dificuldade em aceitar mudanças de opinião e, no entanto, não existe maior aprendizado no tornar-se. tornamo-nos diferentes a medida que acumulamos vivências e compartilhamos experiências, esse é o percurso do ser e do tornar-se ou tornar-me o que sou...

Cena 03: Das epifanias existenciais: constatações domingueiras 2: ou de como pode surgir uma epifania existencial por causa de um pote de sorvete, as mulheres são seres extraordinários mesmo, por isso, a cada dia que passa gosto mais de ser mulher e tornar-me mulher. ou da minha capacidade de extrair felicidade de momentos absolutamente frugais, sem qualquer pretensão maior que não seja ver-me, conhecer-me mais e melhor.

Tornei-me uma surpresa para mim!












segunda-feira, 7 de abril de 2014

o beijo

É o beijo
Que decide
É no beijo
Que reside
– a escolha

É o beijo
O responsável
Por uma série
Insondável
De inconfessáveis
Desejos

O beijo
É troca
irresistível
É entrega
Sem domínio
Ou resistência
Nem muitas exigências

Beijo não é técnica
De manejo
É arte
De solfejo
No improviso
Imprevisto
Executado em par

Um beijo bom
Arrefece e aquece
Numa mulher
Faz desabrochar
Enternece
Emudece
entontece
e faz repousar

beijo bem dado
é acoplamento
é aquecimento
e esquecimento

beijo bom
é desejo que não acaba
é gosto e cheiro
que se troca em público
sem violentar o pudor
beijo bom
é dado e recebido
com amor.

E se...?!

E se...?!
Fosse...
Pudesse...
Houvesse...
Talvez...?!

Não foi...?!
Quem sabe...?!
Um dia...
Noutra vida...
Outra vez...

Não há...?!
Não sei...!
Pudera...
Quisera...
Fizera...
Total insensatez!!!

Palavras
São atos
Distantes
Ensaios
De fatos
Calada nudez.

sábado, 25 de janeiro de 2014

egoísmo e ganância x bons momentos

Estive pensando sobre bons momentos... 
Tudo o que queremos é que eles existam, queremos aproveitá-los, queremos celebrá-los...
Mas nessa ânsia por desfrutar do que é momentaneamente bom, ficamos egoístas e gananciosos... 
Queremos mais, queremos sempre, queremos... 
Quando tais momentos dependem exclusivamente de nós não há um problema a ser solucionado.
Por exemplo: se gostamos de cinema, sorvete ou praia e podemos fazer isso, é ótimo, nos sentiremos muito bem ao poder realizar isso para nosso contentamento... 
O problema se manifesta quando o prazer depende de outro indivíduo, é neste ponto que “a porca torce o rabo”!! 
Desfrutar de bons momentos ao lado de alguém é maravilhoso, é fantástico, mas isso não pode ser realizado apenas a partir de nossa própria vontade. 
Respeitar a vontade e o tempo do outro tem sido para mim o grande aprendizado dessa fase da vida... 
Penso que estou conseguindo me adaptar, justamente, porque tenho convivido cada vez melhor comigo mesma e isso é muito bom!!!



sábado, 28 de setembro de 2013

Seus pensamentos emprenham nuvens!



Sabem qual é a pior dificuldade para um sagitariano?

que ele se concentre numa coisa só, numa coisa só de cada vez!!!

Sabem qual é a pior segunda dificuldade para um sagitariano?!

Que ele deixe de pensar em algo ou alguém pelo qual está apaixonado!!

É incrível a capacidade destas criaturas para apaixonarem-se seja por um tema, uma canção, uma pessoa, um projeto...

Então essa “coisa” ocupa todos os pensamentos e inviabiliza a concretização das demais coisas e sempre são tantas coisas a lhes povoar a existência!!!

Não conheço um sagitariano que se ocupe de uma atividade apenas, que seja sossegado, que faça uma coisa de cada vez, não, não é possível para eles!!!

Sou uma sagitariana.

Não consigo apenas gostar de algo, de uma ideia ou de alguém.

Eu preciso me apaixonar!!!

E isso é bom, é ótimo e é terrível!!

Eu deveria estar escrevendo meu TCC agora, de-ve-ria, e provavelmente o farei, durante a madrugada. Porque agora, agora, estou aqui a escrever essas bobagens!!!

Que não são absolutamente falta de assunto muito menos do que fazer.

Às vezes me ocorre a citação de Machado no Dom Casmurro, quando Bentinho alude a sua prodigiosa imaginação, dizia ele: a minha imaginação era uma grande égua íbera; a menor brisa lhe dava um potro, que saía logo cavalo de Alexandre”.

Esse trecho é ótimo para ilustrar o modo como os sagitarianos vivem o seu mundo interior.

Seus pensamentos emprenham nuvens!


se-já-estarias



Pegada é uma palavra
que deixa marcas
impressões...
digitais impressas
na alma, diriam
digitarias?
se já estivesses
na alma marcada?
demarcada

Pegada é uma palavra
firme
Não titubeia!
Se pega não larga!
Se larga não é pegada

Pegadas são marcas
no tempo
na vida
no corpo
cicatrizes do espírito
recordações
doces ou tristes

Lembranças
são marcas
que não são mansas
Pegadas são deixadas
e são levadas
no percurso
na jornada
no caminho
na estada
de qualquer jeito

Mas só as boas pegadas
não são lavadas
ao contrário,
são deslavadas...
ficam na memória
registradas na alma