quinta-feira, 3 de maio de 2012

Amores inventados


Li, outro dia, num post antigo do Blog do Zander (http://casadozander.com/os-beijos-vadios/), a seguinte expressão: “que delícia de amor inventado”…
Na verdade o tema era sobre beijos, coisa muito boa de se falar e de ser praticada… embora eu deva confessar que… (deva não… que ninguém está exigindo isso!!!…) nunca fui de andar por aí distribuindo meus beijos… e, na maioria das vezes, as bocas escolhidas recebiam beijos consequentes… não vadios…
Mas, não era sobre beijos que eu pretendia escrever, mas sim sobre amor inventado…
Certa vez escrevi algo sobre essa ideia da invenção do amor, em poesia…
na vida do espírito existem
pensamento, vontade e julgamento
o pensar busca pelo significado
o julgar avalia o acontecimento
e à vontade cabe a escolha
a vontade decide e executa, continua ou desiste
tu és a arte que eu invento
és a melhor parte do meu dia
minha poíesis de contentamento
já que a boa ação é seu próprio fim
és a perfeita idéia de algo
idéia boa, belo ideal, de algo inventado...

Pois existem amores inventados.
As pessoas são concretas, reais... mas os amores que sentimos, as projeções que fazemos, as esperanças que depositamos, são profundamente inventadas... não num sentido de falsidade ou mentira é apenas a nossa imaginação que vai muito mais longe do que suporta a realidade... é como olhar-se no espelho e vermo-nos sempre jovens... é a ideia que temos de nós que não muda apesar da passagem do tempo...
Ou seja, vemos e sentimos o que queremos ver e sentir... só mais tarde é que nos deparamos com aspectos que divergem do que idealizamos... mas isso não é nocivo em si... quem já se apaixonou sabe o quanto é bom inventar o outro... imaginá-lo... enxergar apenas o que selecionamos de melhor... a paixão é o nosso melhor olhar sobre o outro...
A grande sacada é a reinvenção desse amor... a transformação do amar “por causa de” para o “amar apesar de”..., quem já conseguiu alcançar essa fase sabe, conhecemos bem os defeitos e os combatemos tenazmente com as qualidades (que, é claro, devem ser superiores...)...
No processo de reinvenção há a simples constatação e reconhecimento de que a perfeição não existe... e que seria muito chata se existisse... imaginem que porre conviver com alguém perfeito!!!!
Aliás, seria perfeito para quem? Para si mesmo ou para o outro? Porque se pensarmos bem direitinho, nos admitimos chatos, defeituosos... mas, salvo algum defeito de fabricação que faça nossa auto-estima ficar baixa... nós somos bem convencidos sobre nossas capacidades e qualidades....
Assim, é bom inventar amores... mantê-los é melhor ainda... e mantermo-nos capazes de querer e de buscar as felicidades no outro e em nós é a melhor invenção a conquistar...

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