sexta-feira, 15 de junho de 2012

Por que é bom amar.


Sabe por que é tão bom te amar?!
Porque a tua atitude diante de mim revela uma disponibilidade para ser amado. És uma pessoa amável.
Não existe maior contentamento para a alma do que a reciprocidade. É tão bom quando amamos quem quer ser amado. Não necessariamente quem precisa ser amado.
Todos nós precisamos ser amados. Essa é uma circunstância existencial humana.
Não é disso que falo. Falo desse estado de espírito da pessoa que se torna disponível para aceitar e retribuir às solicitações, de carinho e afeto, proporcionadas pelo dar e o receber de outro, em outro, pelo outro.
Em geral as pessoas vagam pela vida procurando amores, afetos, carinhos, em geral todos querem receber isso, porque é muito bom ser amado. Entretanto, poucas são as pessoas que se dispõe a doar-se da mesma maneira. Amar é um gesto de doação de si ao outro.
Não estou falando sobre amor incondicional, ao contrário, estou falando em amor recíproco, aquele sentimento de estar junto mesmo que longe, de participar das aflições do outro com solidariedade, de percebê-lo com confiança e respeito, de contemplá-lo sem restrições, de conversar sem meias-palavras, de estar-sendo sem medo.
O amor exige valentia moral. Banca-se o amor como uma aposta alta em um cassino de luxo.
Para ter amor, para ser amado é necessário coragem e disponibilidade para arriscar-se.
Por isso é tão bom te amar. Por que sabes amar. Por que sabes retribuir. Por que sabes ser apenas e tão somente humano, na humana condição de amante.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Da Felicidade de sentir-se feliz...



Penso que existem sensações que são tão boas, mas tão boas, que a gente nem acredita que elas podem existir, assim, tão espontaneamente, tão surpreendentemente, e, ao mesmo tempo, tão familiares, tão reconhecidamente íntimas...


A felicidade é uma sensação que se reconhece e se acolhe como um hóspede querido que chega de longe, trazendo novidades e antigas recordações.


A felicidade é a melhor reminiscência que nossa alma guarda, com carinho e cuidado, para recuperar sempre que for solicitada...


Me sinto tão feliz!!!


E a minha felicidade é tão boa porque não está nas mãos de ninguém, a minha felicidade é boa porque eu escolhi senti-la sem medo, sem restrições, a minha felicidade é boa porque não tem medo do imprevisível, do imponderável, porque viver é perigoso, como diria "Rosasbaldo", mas é tão bom esse perigo, é tão bom encontrar parceria para desfrutá-la... é muito bom mesmo!!!


Felicidade é poder pensar que algo é bom antes de ser. É essa crença infantil, não num sentido pejorativo de imaturidade, mas no sentido de pureza, de contato com o que há de mais puro ainda dentro de nós, de que podemos ter o que desejamos desde que queiramos com muita, mas muita força, é quase como acreditar em Papai Noel, sabendo que ele não existe de verdade, mas que nós podemos acreditar no que ele significa de bom... e com isso materializar a sua existência!


É o pensamento mágico!


Sabem o que é um pensamento mágico? devem saber, mas explico mesmo assim, é uma categoria da antropologia utilizada para definir o modo como os povos primitivos se relacionavam com os acontecimentos do cotidiano... se trovejava os deuses estavam enraivecidos, por exemplo...
Aconteceu comigo algumas vezes essa semana a sensação de pensamento mágico...
Não tenho como provar que isso é verdadeiro, isso é uma crença, e crenças não se comprovam, apenas são para quem nelas acredita...


Meu pensamento mágico é tão pueril porque se manifesta quando olho o relógio e os ponteiros estão exatamente um em cima do outro e então penso... será que alguém pensa em mim agora? será que...?
Eu sei que é bobo, admito, mas é tão bom, tão reconfortante, é interessante como tenho "pegado" os ponteiros juntinhos ultimamente.... será?! será?! não sei... mas pode ser... tudo é um campo aberto de possibilidades...


A felicidade também é assumir esse risco de conferir as possibilidades, são tantas, são atemorizantes, e podemos nos negar a elas por medo, ou por cautela, ou por medida preventiva, ou medida provisória... sei lá, são tantos os motivos que temos para nos negarmos às novas experiências...


Nesse quesito fico com um autor que li há alguns bons anos atrás, chamado Leo Buscaglia, e ele escrevia que sem o risco a vida não existe realmente, se temos medo do não nunca saberemos o gosto bom do sim, se temos medo de não ser amados jamais saberemos a felicidade de sê-lo, se não arriscamos não vivemos, adoro esse cara!!!


Acredito que o nosso caminho, a nossa história, a nossa trajetória individual é construída passo a passo, não por determinações, e se elas existem não saberemos nunca também, mas me recuso a pensar em determinismos, porque gosto de pensar que tenho a liberdade de escolher e de ser escolhida, gosto dessa sensação, que nem chega a ser de autonomia, nem chega a ser um livre-arbítrio, já que tudo tem limitações, mas poder escolher, poder optar, poder dizer quero ou não quero é tão libertador... poder reoptar é libertador... poder refazer-se, reinventar-se, rever-se...


Toda a vez que nos aventuramos em terrenos desconhecidos aprendemos mais sobre nós mesmos do que em qualquer situação, sabe disso, ou de como é essa sensação, quem já viajou para um lugar no qual não se domina o idioma e no qual todas as situações são absolutamente imprevisíveis, em que todos os nossos sentidos precisam estar acionados porque precisamos sobreviver, é uma sensação única!


E acabamos descobrindo que temos capacidades que no dia-a-dia comum não precisamos utilizar, aprendemos mais sobre nós mesmos sob o olhar desconhecido...


E eu adoro descobrir-me no duplo sentido da palavra, revelar-me, gosto de ser descoberta, desvelada, decifrada, e como não sou nenhuma esfinge ninguém corre o risco de ser devorado, pelo menos não literalmente.... não prometo nada quanto ao sentido metafórico... já que aprecio deglutir e ser deglutida...


Bora viver, que a vida é pra valer como diria o poetinha, e é bonita, como diria o Gonzaguinha e é única, é só essa, como acreditava Aristóteles, e por isso deve ser honrada, deve ser reverenciada com prazer e com sabedoria... pois, o tempo corre e escorre!!!


Espero conseguir fazer isso!













domingo, 3 de junho de 2012

Sem explicação



Alguém me ajuda a entender
Como é que gente pode sentir tanta falta
De algo que não se tem?
Como é que uma ideia pode fazer
Tanta diferença?
Te deixar desatinada
Levar a si mesma a se subverter?

Arquitetar desejos
Sonhar com olhos e beijos
e de olhos fechados ceder
Como se pode fazer
Coisas antes impossíveis de crer
Transformar o corpo e a razão
Deixar-se levar pela paixão
Ou pelo tesão?!

Quanta falta faz algo que não é?
Como pode existir o que ainda não foi?
Quanta ansiedade na espera
Quanto preparativo na alma
Ligas, rendas, langerie
Perfumes, óleos, cremes,
Insensos, aromas e infusores

Coração saltitante,
Vibrante, inebriante
Pele macia e quente
Alma incandescente
Um interno frio arrepiante

O que não pode ser saudade
Transforma-se em ansiedade
Converte-se em espera agradável
a incerteza em pacto tolerável
mas é tempo de comemoração
de preparação e rememoração

comer, preparar, relembrar
na pré para-a-ação
planeja-se o jantar
e o acordar e o buscar
e o receber e o encantar
e o envolver e o anoitecer
e o insuportável aguardar
e o incontrolável desejar…

não adianta prever
é necessário esperar
desfrutar
aproveitar
preparar-se para viver!

sábado, 2 de junho de 2012

Pré, pós, ex…



Pois é agora o Doutorado acabou!

Acabou a “desculpa” para não fazer outras coisas, não ligar para os amigos, não assistir filmes com os filhos, não ver novela, não sair à noite, ou nos feriados, enfim, acabou a desculpa para não viver.

Tudo bem, só tem um detalhe, agora é preciso arranjar um emprego de verdade, desses que a gente tem hora para entrar e para sair, que tem que ter produtividade e risco de ser mandado embora caso não gostem do que tu fazes ou de ti.

Agora sou uma jovem doutora, e isso me faz lembrar uma piada bem comum por aqui que é, pegue o teu diploma ou todos eles, no caso até agora são três, e mais R$ 2,75 e podes chegar de ônibus ao centro da cidade!!!!!

Pois é, um título não paga as contas. Dá, segundo alguns, alguma distinção. Vamos ver.

Acabou o pós ou a pós, alguns fazem “o” pós – mestrado e doutorado -, outros fazem “a” pós – a especialização -, mas o que normalmente distingue esses seres é que os que fazem “a” pós já têm emprego, enquanto que os que fazem “o” pós, na maioria, ainda não têm.

Sou desses que ainda não tem. Sou uma doutora fresca, diriam outros aos risos, pois sou, fresquinha!!!

Esses prefixos todos são interessantes. Sou ex-estudante de doutorado, estou pré-ocupada em ter um emprego e já estou pensando no pós-doc, ou seja, um mandato tampão de emprego, no qual arranja-se uma bolsa via CNPq e continua-se a tentar arranjar um emprego, enquando expande-se o aperfeiçoamento com mais um título, que somado aos outros, só te levam ao centro da cidade com mais R$ 2,75!!!

Brincadeiras com as palavras à parte, essa foi, realmente, uma etapa muito importante da minha vida profissional, e não cabe aqui ficar dsicutindo porque ela teve um começo tardio, pelo menos na área de atuação que escolhi, já que sempre trabalhei desde os 15 anos de idade.

Senti-me realizada na tarde de quinta-feira quando, na pomposa sala chamada de Pantheon, reuniram-se aqueles professores todos que são minhas referências teóricas e bibliográficas e, pronunciaram-se de maneira tão elogiosa a respeito do trabalho que desenvolvi ao longo desses quase 5 anos. Ter uma banca composta por Regina Zilberman, simplesmente, a maior conhecedora de história da literatura sul-rio-grandense, é um privilégio para poucos e eu pude usufruí-lo. E pude mais, pude ouvir da emérita professora comentários extremamente favoráveis sobre minha pesquisa e meu trabalho como historiadora. Sinto-me chancelada.



Os demais professores, Lazzari, Remedi e Guazzelli reiteraram as palavras da professora Regina, aumentando ainda mais o meu contentamento, e a minha sensação de dever cumprido, meu orientador, professor Temístocles, sempre um gentleman, teceu comentários igualmente elogiosos, e fiquei imensamente agradecida porque todos, profundos conhecedores do meu tema de estudo, o analisaram, julgaram e o consideraram aprovado com sobejo, foi uma das palavras que ouvi, entre admirada e feliz, muito feliz e recompensada!

Ver meus filhos assistirem a mãe conquistar um título desses, mesmo que não tenha a pompa da graduação, tem a circunstância do ritual acadêmico, afinal é uma arguição pública, pessoas estão presentes acompanham todo o processo de avaliação, e isso é uma experiência e tanto, por isso, vê-los ali, me acompanhando nesse momento importante, é um verdadeiro presente da vida. Um momento único, que nem eu nem eles jamais esqueceremos.


Compartilhar desse momento de felicidade com pessoas amigas de verdade e companheiras de vida e de histórias vivenciadas é também um grande privilégio. Lá estavam comigo, na torcida, César (que apesar de ex-marido continua a ser “o” companheiro e amigo de todas as horas), Camila, Tati, Ana Celina, Andrea, os colegas, Gabriel e Evandro, mas havia muito mais presentes, porque acredito sinceramente que a ausência física de alguns não impediu sua presença espiritual, pois me enviaram cumprimentos antes e depois do evento em si.







No dia seguinte à Defesa consegui abraços carinhosos de amigos queridos como Felipe Vieira, jornalista, Ivori Scheffer, juiz federal, e Rochele Gallo, farmacêutica, (esses três são meus amigos há mais de 3 décadas). E na bebemoração pude contar com a presença do querido colega e membro da Banca José Remedi, sempre amável e grande parceiro de discussões sobre a literatura sul-rio-grandense do século XIX, do Ivori e da Camilinha que compareceram ao Boteco Imperial para uma cervejinha básica, junto é claro, do César, do Fran e do Cadu.




Tenho sorte de estar sempre cercada de muito carinho por meus amigos. Ivori jantou comigo na noite seguinte a Defesa, conversamos e colocamos em dia as memórias da infância, da
adolescência e da juventude, com um excelente vinho chileno e um risoto à moda da Renata-recém-doutora, Ivori se declarava visivelmente emocionado pela conquista do meu título, sentia-se envaidecido pela amiga butiaense. Com o mesmo sentimento de orgulho recebi o carinhoso abraço de Felipe na tarde seguinte. A Chele me recebeu feliz, na Ars curandi, com um enorme sorriso de quem sabe o preço de tudo isso.



Prosaicamente, na tarde seguinte a Defesa, sem nenhuma aura que denunciasse minha nova titulação, embarquei num ônibus rumo ao centro da cidade, paguei normalmente a passagem e fui abastecer meu cartão estudantil, porque ainda, por sorte, sou aluna de graduação da UFRGS na museologia e tenho direito a passagem estudantil e RU, por enquanto…