DESENCANTO
Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Manoel Bandeira
ENCANTAMENTO, ou Le petit mort
Eu faço versos como quem sonha
Com a alma leve… e o coração inquieto…
Fecha o meu livro, se por enquanto
Não tens motivo nenhum de encanto.
Meu verso é pele. Macia e quente…
Sensual vigor… arrepio criador…
Invade-me assim. Ávido e ardente,
Sai-me assim, gota a gota, e sem pudor.
E nesses versos de volúpia louca,
Assim do corpo a vida verte
Deixando um gosto rouco na boca
- Eu faço versos para não ficar inerte...
Renata, inquieta
agosto/2011
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