quarta-feira, 25 de abril de 2012

Bandeira e eu...


                                            DESENCANTO                                               
Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.


- Eu faço versos como quem morre.

Manoel Bandeira




ENCANTAMENTO, ou Le petit mort
Eu faço versos como quem sonha
Com a alma leve… e o coração inquieto…
Fecha o meu livro, se por enquanto
Não tens motivo nenhum de encanto.

Meu verso é pele. Macia e quente…
Sensual vigor… arrepio criador…
Invade-me assim. Ávido e ardente,
Sai-me assim, gota a gota, e sem pudor.

E nesses versos de volúpia louca,
Assim do corpo a vida verte
Deixando um gosto rouco na boca

- Eu faço versos para não ficar inerte...

Renata, inquieta
agosto/2011






















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